"CORUJINHAS" INCENTIVAM O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
Com o Programa Corujinha, a PMA fortalece primeiros cuidados na maternidade
(Fotos: Ascom/SMS)
Consuelo de Jesus se surprendeu com a possibilidade de amamentar o bebê
Enquanto a mãe amamenta, Corujinha fricciona o seio direito
Corujinha aplica vacina contra BCG e Hepatite no recém-nascido
Técnicas da SMS, da Santa Isabel e do Banco de Leite conversam sobre as estratégias da amamentação
Na maternidade pública Santa Isabel, as corujinhas - como ficaram carinhosamente conhecidas as 11 auxiliares de enfermagem do ‘Projeto Corujinha', da Prefeitura de Aracaju - atuam estimulando o aleitamento materno exclusivo.
A maternidade realiza de 850 a 1.000 partos mensalmente, o que representa um terço dos partos de todo o Estado de Sergipe. As corujinhas conquistaram a simpatia dos outros profissionais e da direção do hospital que conta também com uma UTI Neonatal e Banco de Coleta de Leite Humano. São, ao todo, 86 leitos de alojamento coletivo, 20 leitos neonatais e 20 leitos de unidade intermediária.
"Aqui, as corujinhas estão dando uma grande colaboração para a redução da morbimortalidade tanto materna quanto infantil. O aleitamento materno, já na sala do parto, traz enormes benefícios para o binômio bebê/mãe. Para a mãe, o ato de amamentar evita anemias e hemorragias. Quando o bebê está mamando, ele ajuda na contração uterina: o útero volta mais rapidamente ao tamanho normal", explica a neonatologista e diretora da maternidade, Débora Fontes.
Para adesão das mães ao oferecimento do leite materno, as corujinhas além de argumentarem sobre a importância do aleitamento, fazem massagem local e orientam tecnicamente como colocar o bebê no peito. Elas lembram que o leite humano é mais econômico e mais prático. "Quando o peito estiver muito cheio, antes de amamentar a mãe deve massagear e espremer suavemente a região da auréola. Assim, essa região fica mais macia para o bebê abocanhar toda a auréola e não apenas o bico do peito", explica a corujinha Maria Lúcia Alves.
Moradora do bairro Siqueira Campos, Consuelo de Jesus, 34, tinha certeza que nos primeiros três dias após o parto, o leite dela ficava obstruído. Ela se queixava de dor no bico do peito, quando tentava amamentar. Mas para a surpresa de Consuelo, a corujinha Maria Lúcia massageou o local e após alguns minutos o leite saiu com facilidade. A corujinha ajudou o bebê a sugar toda a auréola e não apenas o bico do peito. "Essas auxiliares são maravilhosas", testemunhou Consuelo.
Moradora do povoado Sapé de Itaporanga d´Ájuda, Elenalda dos Santos, 23, mãe do bebê Micherlane, recebeu as orientações. Ela também estava com dificuldades de amamentar o bebê, até receber a massagem local.
"Este ano, contratamos as corujinhas para ampliarmos os primeiros cuidados às mães e aos recém-nascidos logo após o parto. Da assistência também são ofertadas gratuitamente vacinas contra BCG e Hepatite B para o bebê e vitamina A para as mães; orientação sobre o curativo umbilical; e o fornecimento de registro de nascimento e do cartão da criança", afirma o secretário Municipal de Saúde, Silvio Santos.
Imunização natural
Antes de aplicar as vacinas no bebê, a corujinha Maria Lúcia conversa com as mães sobre os benefícios do leite materno. "Afirmamos que o leite materno é a vacina natural dos bebês e orientamos as mães para a necessidade da troca do peito de 10 em 10 minutos e deixar o bebê mamar até ele soltar espontaneamente o peito", prescreve a corujinha.
"Quanto maior for o tempo de aleitamento, menor será a mortalidade infantil. Ações como essas terão impactos, tanto na redução da mortalidade infantil, quanto na materna. Outro fator importante é que o ato de amamentar gera vínculo entre mãe e filho, o que ajuda na formação de um cidadão como um todo", acredita a referência Técnica do Programa Saúde da criança e do Adolescente, Magna Doria.
A corujinha Telma Cristina reforça que até os seis meses de idade, o bebê só precisa do leite materno, exclusivamente. "Não se deve oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. Só depois dessa fase, a mãe deve oferecer alimentos saudáveis e continuar amamentando até os dois anos de idade ou mais", destaca.
A gerente do Banco de Leite Marli Sarney, Hélia Karla Brandão Agapito, considerou a maternidade Santa Isabel modelo com as inovações. "Vocês estão de parabéns. A chegada das corujinhas da prefeitura e a reestruturação do Banco de Coleta de Leite são importantes medidas para reduzir a mortalidade infantil e materna", diz Hélia Karla.
Taxas
Segundo a coordenadora do Programa Saúde da Criança, Rita Bitencourt, a capital sergipana, nos últimos dez anos, apresenta queda nos coeficientes da mortalidade infantil em 41%, no primeiro ano de vida, e em 43,5% para a neonatal, no primeiro mês de vida. E na maternidade Santa Isabel, a taxa de mortalidade infantil é baixa, de 2% dos nascidos vivos", diz.
O Projeto Corujinha está vinculado ao Programa da Criança do Adolescente da Secretaria Municipal da Saúde(SMS/Aracaju). "A missão do Projeto Corujinha é fortalecer e ampliar os cuidados na assistência aos recém-nascidos dentro das maternidades", diz a coordenadora.
A referência Técnica do Programa Saúde da Criança, Helga Muller, informa que as corujinhas atuam em dupla, com uma jornada de 36 horas semanais. "Em regime de escala, elas estão diariamente em todas as seis maternidades de Aracaju: Gabriel Soares, maternidade da Polícia Militar, Nossa Senhora de Lourdes, Santa Isabel e Santa Helena", diz.
Magna Dória destaca que o papel das corujinhas é melhorar o enfoque e a identificação dos bebês que apresentam risco de morte, como baixo peso, sífilis congênita, soropositivo e outras patologias. "Caso a criança ou a mãe apresentem necessidades especiais após a alta hospitalar, a referência técnica do Programa da Criança faz o fluxo para encaminhar esses usuários às unidades básicas e os ambulatórios de patologias de referência", explica a enfermeira.
Saiba Mais
O Projeto Corujinha está potencializando as ações já desenvolvidas pelo programa intitulado Primeiras Ações de Saúde e Cidadania (PASC) do Ministério da Saúde. O PASC está implementado desde 2001 nas maternidades.
O Corujinha atua com três ações estratégicas com o objetivo de reduzir as mortes neonatal: melhorias na qualidade da assistência ao pré-natal, na assistência ao parto e a assistência ao recém-nascido.
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