A síndrome de West
A síndrome de West é uma forma grave de epilepsia em crianças. Recebe o nome em homenagem ao
médico inglês William James West (1793-1848), que foi quem primeiro descreveu a
síndrome em 1841.
É relacionada com a idade, geralmente ocorrendo
entre o terceiro e décimo segundo mês, geralmente se manifestando no quinto
mês. Possui diversas causas, sendo geralmente causada por disfunções orgânicas
do cérebro cujas origens podem ser pré-natais, perinatais (causadas durante o
nascimento) ou pós-natais.
A sua prevalência é de cerca de 1 em
cada 4000 ou 6000 nascimentos. Estatisticamente os meninos são mais afetados
que as meninas, numa taxa de dois meninos para cada menina.
Histórico
Em 1841, West em uma carta dramática
ao editor do “The Lancet”, apresentou o problema de seu filho com espasmos em
flexão que se repetiam diariamente em ataques de 10 a 20 contrações que levaram
a criança a um atraso mental, apesar de todos os tratamentos usados e
possíveis para aquela época.
Esta síndrome neurológica foi descrita pela
primeira vez em 1949 por Vasquez y Turner para sociedade Argentina de
Pediatria, com dez casos de uma “nova síndrome” que apresentavam crises nos
lactantes, com alterações específicas no traçado eletroencefalográfico (EEG),
estando associadas à deterioração mental, as quais propuseram chamar Epilepsia
em Flexão.
Em 1952, os autores Gibbs e Gibbs criaram o termo
Hipsarritmia (hypos= altura e rhytmos= ritmo) para o registro EEG destes
pacientes, o que passou a caracterizar a maioria das descrições desta síndrome.
Portanto, trata-se de uma entidade eletro clínica caracterizada por espasmos
quase sempre em flexão e por um traçado EEG típico denominado hipsarritmia ou
disritmia maior lenta. As crises clínicas têm recebido outras denominações:
espasmos saudatórios, espasmo infantil, massive jerks, Blitz und NichtKrampf, tic
de salaam e pequeno mal propulsivo.
Causas
A Síndrome de West pode ser dividida em dois
grupos, com relação à causa: o criptogênio (quando a causa é desconhecida),
onde o lactente é normal até os inícios dos espasmos, sem qualquer lesão
cerebral detectável; e o grupo sintomático (de causa conhecida), onde há prévio
desenvolvimento neuropsicomotor anormal, alterações ao exame neurológico e/ou
lesões cerebrais identificadas por exames de imagem (tomografia
computadorizada, ressonância magnética, etc.). Em 1991, foi proposta a hipótese
da existência de uma forma idiopática, com evolução benigna no tratamento em
curto prazo.
Em aproximadamente 80% dos casos a síndrome de West
é secundária, o que vale dizer que depende de uma lesão cerebral orgânica. Em
muitos casos é possível determinar a etiologia da síndrome: encefalites a
vírus, anoxia neonatal, traumatismo de parto, toxoplasmose, Síndrome de
Aicardi, Esclerose Tuberosa de Bourneville. Na presença da Síndrome de West,
uma exaustiva investigação deve ser feita: TC ou RNM, teste de testagem de
erros inatos do metabolismo. Outro tipo de crises, além dos espasmos, pode
estar também associado.
Incidência
Inicia-se quase sempre no primeiro ano de vida,
principalmente entre os 4 e 7 meses de idade. O sexo masculino é o mais
afetado, na proporção de 2 para 1.
Quadro Clínico
A síndrome de West consiste numa tríade de sinais
clínicos e eletroencefalográficos atraso do desenvolvimento, espasmos infantis
e traçado eletroencefalográfico com padrão de hipsarritmia. As crises são
traduzidas por espasmos ou uma salva de espasmos com seguintes características
flexão súbita da cabeça, com abdução dos membros superiores e flexão das pernas
(espasmos mioclônico maciço) é comum a emissão de um grito por ocasião do
espasmo.
Cada crise dura em média alguns segundos. Às vezes
as crises são representadas apenas por extensão da cabeça (tique de salaam ou
“espasmo saudatório”). As crises são frequentes particularmente durante a
vigília, podendo chegar até a centena ou mais por dia.
As contrações são breves, maciças, simétricas,
levando-se os membros superiores para frente e para fora e flexionando os músculos o
abdômen. São crianças hipotônicas. Em princípio, o diagnóstico não é fácil,
sendo os espasmos confundidos com cólicas ou com reflexo de Moro. Outra
manifestação importante é o retardo mental que, em boa parcela dos casos, pode
ser evitado pelo tratamento precoce do quadro.
Diz-se que as alterações e
características clínicas e evolutivas desta síndrome dependem das condições
prévias do SNC do lactante antes dos surgimentos das crises. Com a maturação da
criança, em geral as crises diminuem e desaparece por volta do quarto ou quinto
ano de vida.
Fonte: Wikipédia
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